Giovanni Andrade explica como encontrar outras pessoas pretas na empresa o ajuda a sentir que a população negra está conquistando cada vez mais espaço.
Giovanni Andrade, da área de Creative Services na Disney Brasil, diz que o Coletivo T’Challa o ajudou a não se sentir sozinho como pessoa preta dentro da empresa. O jovem também destaca a importância e a representatividade trazida pelos filmes sobre o Pantera Negra na vida dele.
Giovanni afirma que com as produções, ele teve o sentimento que também pode vestir um uniforme de super-herói e fazer a diferença. E essa é uma das razões pela qual a Marvel deve investir cada vez mais em personagens pretos e de outras etnias.
Giovanni é estudante de Design Gráfico, além de ser ator e dublador. Entrou na Disney Brasil em agosto de 2021 como estagiário após participar do processo seletivo do programa de estágio da empresa. “Eu pensei ‘vai que dá certo’ e hoje estou aqui trabalhando nesse lugar incrível”, conta.
Já na companhia, foi convidado a participar do Coletivo T’Challa por um colega e logo aceitou. “Eu venho de uma família branca, então não tenho um grupo de pessoas pretas em casa. Ter isso na empresa é muito importante para mim”, explica Giovanni.
Qual sua relação com o Coletivo T'Challa?
Giovanni Andrade: Um amigo do trabalho falou sobre o Coletivo T’Challa e me chamou para a reunião também. Eu logo aceitei porque sabia sobre o núcleo de Diversidade e Inclusão da Disney, mas fiquei feliz em ver que há também um coletivo focado em questões raciais para pessoas pretas.
Achei a ideia super interessante porque eu venho de uma família branca, eu não tenho essa representatividade dentro de casa. Então, com um Coletivo, pude ver outros colaboradores pretos como eu e logo criei uma relação com todos, me senti acolhido.
Ver que tem tanta gente como eu na Disney é o mais importante sobre o Coletivo T’Challa. É bom saber que você não está sozinho, no grupo pude conhecer pessoas com a mesma vivência e tive noção de que estamos ocupando espaços que, até pouco tempo atrás, eram difíceis para nós.
Você tem uma ligação forte com a Marvel?
Giovanni Andrade: Eu amo a Marvel, mas eu sou mais ligado ao Universo Cinematográfico Marvel (UCM) do que aos quadrinhos. Acompanho as produções de filmes e séries da marca desde o filme Homem de Ferro (2008) mas o primeiro super-herói da Marvel que tive contato foi o Homem-Aranha.
Sou um grande fã do Homem-Aranha desde criança, eu lembro de pedir para o Papai Noel uma fantasia só porque eu queria ser como ele. Mas até então eu não fazia ideia que ele era só uma parte de algo tão extenso como o UCM é atualmente.
Ao longo do tempo, fui ficando ainda mais apaixonado justamente por conta dessas conexões entre as histórias, como a marca engloba diferentes culturas e características de uma forma que é possível todo mundo se identificar com alguma coisa.
Como você vê a representatividade negra nas produções da Marvel?
Giovanni Andrade: Quando eu era criança, eu não me sentia tão representado. Mesmo porque o meu ídolo na época era o Homem-Aranha, que então era interpretado por Tobey Maguire, um ator branco. Fora que foi um período que tinha poucas pessoas pretas em geral nos filmes.
Então, eu gostava muito do super-herói, mas não me via naquele contexto. Mas daí foi chegando o Homem de Ferro, e no filme tem o Máquina de Combate, que é interpretado por Don Cheadle, um ator negro.
Depois, em Capitão América: Soldado Invernal é apresentado o Falcão (com Anthony Mackie) e, aos poucos, eu comecei a me sentir mais representado, embora esses personagens não fossem os protagonistas das histórias.
Em 2018, com o filme sobre o Pantera Negra aconteceu a “virada de chave”, porque agora eu podia falar “esse super-herói me representa”. Tanto os traços dele quanto a cultura me faziam sentir dentro daquele uniforme.
Logo em seguida, descobri o Miles Morales e como o Homem-Aranha era o meu super-herói favorito de infância, fiquei muito feliz porque vi que finalmente eu podia ser ele, senti uma representatividade real.
E é muito legal porque antes eu ia a esses eventos, como a CCXP, em que as pessoas vão de cosplay e sentia que não podia fazer o mesmo, porque não havia nenhum super-herói parecido comigo. Agora, vejo que posso ir com a fantasia de algum personagem negro da Marvel e o pessoal vai dizer “eu vejo o super-herói em você”.
Quais momentos do UCM que mais te emocionaram?
Giovanni Andrade: Quando o personagem Pantera Negra apareceu pela primeira vez no filme Capitão América: Guerra Civil, eu fiquei muito emocionado. O cara é preto, veio de um país africano (o fictício Wakanda), eu imediatamente quis ser ele.
Também me emocionei muito vendo a série WandaVision, no Disney+, porque acho a personagem da Wanda muito complexa, a relação dela com os filhos me toca muito.
Mas os dois filmes do Pantera Negra me emocionam. Agora em Pantera Negra: Wakanda para Sempre, eu logo me identifiquei com a Riri Williams (Dominique Thorne), a Coração de Ferro, porque quando era mais novo eu era muito nerd, então ver uma pessoa preta, inteligente como ela que constrói a sua própria máquina, foi muito legal.
Outro momento que me tocou muito foi a relação da Shuri (Letitia Wright) com a mãe dela, a rainha Ramonda (Angela Bassett). Ver o sacrifício dela pela filha e pelo reino me tocaram por mostrar essa relação poderosa da maternidade.