Responsáveis pelas vozes das personagens Capitã Marvel, Vespa e Gamora no Brasil, dubladoras comentam a importância da franquia na luta pela igualdade de gênero.
Quando o Homem-Aranha (Tom Holland) se vê completamente cercado pelo exército de Thanos em Vingadores: Ultimato (disponível no Disney+), tudo parece perdido.
Agarrado à Manopla do Infinito, ele se prepara para seus minutos finais e nós, como público, prendemos o fôlego porque dessa vez as coisas pareciam bem ruins.
De repente, em meio às explosões no céu, chega a ajuda: Capitã Marvel (Brie Larson). “Tem algo para mim, Peter Parker?”, ela pergunta. O Homem-Aranha então entrega a Manopla a ela e diz “Não sei como você vai atravessar tudo aquilo”, ao ver o caos que se estende à sua frente.
“Relaxa”, diz Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) ao aparecer na cena. “Ela tem ajuda”, completa Okoye (Danai Gurira). E assim vemos Vespa (Evangeline Lilly), Mantis (Pom Klementieff) e até Gamora (Zoe Saldana) trazida do passado para se juntar ao grupo de mulheres super-poderosas determinadas a salvar a humanidade.
Mulheres na Marvel: uma cena de arrepiar
“Foi uma cena que me arrepia até agora só de lembrar. Ver essa cena no cinema me encheu de orgulho e de emoção por ser mulher e até agora me impacta”, conta a dubladora da personagem Vespa no Brasil, Angélica Santos.
“Eu duvido alguém não ficar impressionado com essa cena porque mostra justamente a sororidade, essa palavra muito bonita que significa a união de mulheres. Mostra como quando juntas nós podemos superar tudo”, conta Priscila Amorim, que faz a voz de Gamora em português.
Fernanda Bullara, que dubla a Capitã Marvel, disse que momentos como esse são importantes para a história dos filmes e para as mulheres aqui fora: “traz a representatividade que sempre quisemos”.
Mulheres na Marvel: passo importante
As três concordam que o surgimento e a popularização de mulheres super-heroínas dentro do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM) foi um passo importante para a igualdade de gênero.
“Por muito tempo, os homens foram os protagonistas dos filmes. A não ser que fosse algo do gênero romance, a mulher era sempre uma coadjuvante e nós dubladoras tínhamos pouquíssimas chances no mercado”, conta Angélica.
“Lembro de uma época onde o elenco era quase que completamente masculino e tinha uma ou duas mulheres ali para serem o par romântico”, concorda Priscila.
“Com esse movimento recente de mais personagens femininas, a tendência vem se dissipando aos poucos. Claro, ainda temos muito a andar, mas fico feliz de ver esse avanço”, afirma ela.
Mulheres na Marvel: a importância da representatividade
O interesse de Priscila pela Marvel, inclusive, cresceu depois dela conhecer mais super-heroínas por meio do UCM.
“Hoje sou muito fã. Antes eu conhecia o Homem-Aranha, que continua a ser um dos meus super-heróis favoritos, claro, mas agora tenho mais vontade de acompanhar as mulheres da Marvel. Meu filho me ajuda com as linhas do tempo e tudo”, brinca.
Segundo as dubladoras, WandaVision, Capitã Marvel e Pantera Negra são alguns dos conteúdos responsáveis por esse aumento no interesse por mulheres protagonistas da Marvel.
“Acho poderosíssimo ter mulheres super-heroínas tão bem representadas hoje. Até porque, isso torna tudo muito mais atual, mostrando que estamos superando essas diferenças entre homens e mulheres. É muito importante ver o poder femino nas telas”, conta Priscila.
“Eu adoro a Gamora, essa mulher verde e arretada”, brinca ela. “Gosto principalmente porque o arco dela como personagem é o contrário do convencional: ela começa durona e precisa aprender a dar espaço aos seus sentimentos e se permitir ser feliz, algo que todas nós merecemos”.
Mulheres na Marvel: obstáculos superados pouco a pouco
“A Marvel tem um impacto muito grande na cultura e, quando vemos mulheres ocupando o posto de super-heroínas – um lugar de exemplo a ser seguido, de líderes – pode ter certeza que a autoestima de muitas garotas está sendo impulsionada”, afirma Fernanda.
As dubladoras explicam que é importante lembrar que as mulheres conseguem fazer as mesmas coisas que os homens, muitas vezes melhor. “Essa cena tão icônica (descrita acima) mostra justamente isso. Elas são fortes e bem preparadas, isso é muito importante”, acrescenta Angélica.
Segundo ela, um dos problemas na profissão como dubladora foi, por muito tempo, o preconceito contra mulheres no cargo de direção de dublagens. “Tempos atrás era muito raro encontrar uma diretora porque os estúdios preferiam um homem. Hoje isso vem mudando, mas é isso que precisamos nos lembrar e combater”, conta a dubladora.
“Os filmes fazem esse paralelo. Se antes ficávamos para trás, agora estamos ocupando as linhas de frente da batalha”, encerra Angélica.
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