É hora de ficar metafísico! O novo filme da Pixar, Soul, é uma jornada como nenhuma outra e uma incrível aventura para todos que fizeram parte de sua criação. Soul conta a história de um professor do ensino fundamental chamado Joe Gardner (Jamie Foxx), que tem o sonho de seguir sua paixão pela música e se tornar uma estrela do jazz. No dia que poderia ser sua grande chance, Joe é transportado para O Grande Antes e agora é uma das almas que vivem por lá.
Como era de se esperar, Joe quer voltar desesperadamente para sua vida na Terra para finalmente viver a vida com que sempre sonhou. Por outro lado, a alma não encarnada 22 (Tina Fey) não tem nenhum interesse em ir para a Terra, pois acredita que não tem o brilho no olhar nem a paixão que os conselheiros no Grande Antes acreditam que toda alma deve ter. Quando Joe e 22 se conhecem, esses dois opostos se unem para uma aventura que jamais esquecerão.
A Pixar vem inovando nas animações desde a estreia de Toy Story há quase 25 anos, então é natural que o público tenha grandes expectativas em relação à tecnologia e os incríveis roteiros dos filmes da Pixar. Soul é o exemplo perfeito dessa combinação, afinal de contas, qual é a aparência de uma alma? Os animadores talentosos e os criadores de Soul dão algumas ideias sobre como chegaram nesse resultado.
Dando vida a uma alma
A primeira coisa que os criadores tinham que decidir era como seriam as almas. Após muita pesquisa, uma coisa que chamou a atenção do diretor Pete Docter foi que “As pessoas costumam descrever as almas como coisas vaporosas, não-físicas, sem forma. Era muito interessante, mas não muito útil, pois como desenharíamos o ar?” Os cineastas fizeram todo tipo de pesquisa, inspirando-se inclusive no aerogel, o material sólido mais leve do planeta, usado na indústria aeroespacial. “Mas ainda precisávamos de algo mais humanizado, com um tipo de rosto em que pudéssemos reconhecer expressões e comportamentos. Então chegamos a esse desenho que Pete havia feito que tinha algo de efêmero, mas ao mesmo tempo tinha um rosto”, explicou a produtora Dana Murray.
Isso trouxe novos desafios para a equipe de animação. A coordenadora de animação, Jude Brownbill, disse que, para sua equipe, as almas estão entre as coisas mais difíceis com que já tiveram que trabalhar. “Como criar personagens que não obedecem as leis da Física, como dar um visual 2D para algo em um mundo 3D?” A equipe desenvolveu uma nova técnica especialmente para o filme, para ser usada nas almas. Jude explica: “Reparamos que a claridade se perdia no rosto e nas mãos, então os diretores técnicos em articulações, sombreamento e outras ferramentas criaram uma forma de resolver isso, em um clássico caso de arte desafiando a tecnologia e tecnologia inspirando a arte.”
Toda a equipe envolvida no filme colaborou com ideias sobre como as almas se moviam. Órgãos que poderiam aparecer e desaparecer e expressões faciais que se moviam pelo rosto. A equipe estava disposta a tudo. “É um processo longo e colaborativo, pois tudo é possível”, disse Jude.
O Universo, animado
Ao explorarem o Grande Antes, as almas não eram os únicos personagens com quem os animadores tiveram que se preocupar. Seres chamados de “conselheiros” são os responsáveis em manter a ordem no Grande Antes. (Podemos dizer que a determinação de Joe em voltar para a Terra e a recusa de 22 em ir para a Terra acabou se tornando também um obstáculo!).
Os conselheiros são descritos no filme como se o universo se simplificasse para que os humanos pudessem compreendê-lo. Se você achava que seria difícil criar uma alma, imagine isso! Os cineastas buscaram inspirações em esculturas suecas, na natureza e até mesmo na luz. A forma que criaram acabou sendo algo muito simples: uma linha. “Mas não qualquer linha”, explica o coordenador de animação Bobby Podesta. “Estamos falando de uma linha viva.” Os escultores da Pixar criaram esculturas 3D em arame para que a equipe de animação pudesse avaliar como esses personagens poderiam tomar forma em vários ângulos e tamanhos.
Bobby explica: “Exploramos formas, expressões, movimentos e transições, mas os animadores não trabalharam com um modelo. Eles animaram um design. Os personagens têm esse conceito de uma linha viva, uma obra de arte em um formato fácil de entender, mas ainda assim etéreo. Para chegar a esse design na animação, nossos animadores tiveram que acordar os artistas dentro deles para chegarem a um resultado que fosse visualmente impressionante. Essa combinação de ser um ator e um artista é o que leva o nível da Pixar a um patamar que esperamos que continue a superar as expectativas do nosso público.”
Quando perguntado sobre os desafios ligados à animação dos conselheiros, Bobby respondeu “Você tem que criar uma linguagem ou estilo, do zero. E torná-lo consistente! É atuação e a arte juntas em algo que é muito mais difícil do que parece.”
Encontrando Joe
Apesar do mundo onde vivem as almas ser envolvente, o verdadeiro coração do filme é Joe, suas paixões e sua vida na Terra, que podemos ver antes que ele vá para o Grande Antes. Poder mostrar a vivacidade da personalidade de Joe, tanto como humano como alma, foi um desafio divertido para os animadores. Joe é o primeiro protagonista negro em um filme da Pixar e isso foi muito importante para todos que trabalharam em sua criação. O animador MontaQue Ruffin explica: “Há tanto para mostrar da cultura negra e da minha própria criação que eu queria colocar tudo no filme. Poder fazer isso de forma honrosa e responsável foi um presente. Tentamos resgatar aquele sentimento de quando entramos em uma barbearia ou quando vamos a um alfaiate ou quando estávamos na pele de Joe Gardner. Quais seriam os detalhes, os trejeitos? Foi um desafio muito divertido.”
Os animadores também puderam explorar a incrível voz do ator Jamie Foxx para dar mais verossimilhança ao personagem de Joe. “Jamie tem muita energia e é divertido, ele tem uma personalidade divertida. O personagem de Joe é muito energético e apaixonado, por isso tentamos captar um pouco do que Jamie nos proporcionou e introduzimos isso no Joe, essa intensidade. Ele está correndo atrás do que ama e tentando voltar para a Terra. Tentamos colocar isso tanto na sua forma humana como na versão da alma”, explicou MontaQue.
Os animadores se animam
No fim das contas, Soul é um filme que deixou todos da equipe muito entusiasmados. Sua parte favorita no filme é um spoiler, mas MontaQue Ruffin se entusiasma: “Ter feito parte do processo de criação foi único e especial.”
O coordenador de animação Bobby Podesta revela: “O que mais estou ansioso para ver não é o que o público verá na tela, mas o que vai acontecer depois que assistirem ao filme, quando saírem e olharem para o mundo ao seu redor, e o que muda em você depois de assistir a esse filme.”
A também coordenadora Jude Brownbill concorda: “É por isso que amo trabalhar na Pixar e amo os filmes que fazemos. Levantamos essas grandes questões e fazemos essas perguntas ao nosso público. Eles refletem sobre suas vidas e isso é muito poderoso.”
Poderoso, de fato! Para quem mal pode esperar para ver Joe e 22, Soul estreia exclusivamente no Disney+ em 25 de dezembro de 2020.